Há coisas no futebol que não se explicam!
Era segunda-feira, dia 13 de Outubro, o céu estava cinzento e as nuvens
carregadinhas prontas para atormentar todo o plano que há meses engendrara. Contudo,
no futebol nada é impedimento e, por isso, rumei até Paços de Ferreira
em busca de um bilhete que me assegurasse a presença no jogo de play-off para o
Euro 2015 (sub 21) entre Portugal e Holanda. Cheguei ao meu destino antes de a
bilheteira abrir, no entanto, a fila já era longa. Duvidei! Esperei, esperei e
esperei… entre o frio, a chuva e o vento lá consegui arranjar um bilhete. Na
verdade, não era um bilhete era “o meu bilhete”. Surpreendentemente, fui a antepenúltima
pessoa a ter acesso a essa regalia e, assim, iniciei esta grande viagem.
14 de Outubro de 2014, dia de jogo! Já nada me podia impedir de te ver
brilhar. Cartaz e bilhete na mão e estava pronta para ir avante. Caminhei em direcção
ao estádio como se de um jogo do Benfica se tratasse, no entanto, tinha consciência
que o que iria ver em nada se assemelharia a ver-te jogar com o manto sagrado em
pleno Estádio da Luz. Porém, rapidamente pus esses pensamentos de parte e eis
que te avisto: pequeno e frágil mas com uma magia inegável. Sentei-me na primeira
fila para que nada falhasse. Inicia-se o jogo! Observei cada pormenor, cada
investida em vão, cada abalroamento, cada passe de pura magia, cada jogada de
mestre com esse pé esquerdo que há muito me havia encantado. Não parei um segundo!
Quase que por magia, aos 87 minutos tive o privilégio de ver o melhor Bernardo
numa única jogada. “Golooooooo!” - gritei e saltei de alegria como se de um
amigo se tratasse. Termina o jogo! Levantei o cartaz ao máximo na esperança de
que o conseguisses ver. Tal como imaginara, vi a equipa a festejar no meio
campo e a agradecer todo o apoio demonstrado e tu estavas lá. Vi a turma deslocar-se para o banco no intuito de festejar com a equipa técnica e tu
estavas lá. Vi os jogadores despedirem-se para irem para o balneário e tu não
estavas lá. Olhaste uma, duas, três vezes e muito calmamente vieste ao meu encontro
atravessando todo o relvado. Entregaste a camisola ao steward e apenas
disseste: “É PARA ELA!”. Uma alegria imensa abarcou todos os meus pensamentos
e ainda hoje não consigo espelhar a dimensão da felicidade sentida. E quando
eu achava que nada mais poderia acontecer, eis que o steward que me havia
observado o jogo todo me informa de um caminho que me permitiria ter a sorte de estar com
os jogadores. Fiz tudo tal como ele me havia indicado. “BERNAS!” proferi. Mais
uma vez, muito calmamente se dirigiu até mim. Entre autógrafos e fotografias,
ganhei coragem e aconselhei: “Bernas, não deixes que te roubem
aquilo que é teu”. Ele assentiu com um sorriso.
São estes pequenos gestos que fazem com que toda a dedicação seja
recompensada.
FORÇA CAMPEÃO!